A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) bateu boca com Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, em sessão da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados na quarta-feira (16). A audiência tinha o propósito de discutir as queimadas no Brasil.
Os deputados de oposição se revoltaram quando a ministra, convidada para a sessão, afirmou que as queimadas criminosas que atingiram o país nos últimos meses foram causadas por proprietários de terras.
Julia Zanatta disse que Marina Silva não tinha provas para culpar o agronegócio e a repreendeu por “não responder às perguntas”. O deputado Evair de Melo (PP-ES), presidente da comissão, ainda falou que a ministra passou por “adestramento” para participar da audiência.
Em agosto, Marina Silva já havia comparado os incêndios em São Paulo ao “Dia do Fogo”. O episódio ocorreu em 2019, durante o governo Bolsonaro, quando produtores rurais do interior do Pará se organizaram em uma ação criminosa para atear fogo em locais da Floresta Amazônica.
Na época, o incêndio foi planejado por meio de grupos de WhatsApp e atingiu 478 propriedades rurais. Após cinco anos, nenhum dos fazendeiros envolvidos no crime foi punido. O Greenpeace Brasil constatou que as propriedades seguem com altos índices de desmatamento e queimadas recorrentes.
“Capacho de ONG” e “ambientalista de conveniência”: veja troca de farpas entre Júlia Zanatta e Marina Silva
A deputada federal por Santa Catarina questionou o repasse de verbas para ONGs (Organizações não Governamentais) que trabalham na preservação da Amazônia e acusou o governo Lula de “agradar organizações estrangeiras” como prioridade.
“A senhora não é capacho de ONG?”, disparou Júlia Zanatta contra a ministra.
“Capacho é quem faz discurso de encomenda. Mesmo conhecendo a biografia de uma pessoa, faz discurso de encomenda para fazer lacração. Eu sou uma pessoa que pensa por mim mesmo. Capacho é vir aqui com falinha mansa fazer acusação inverídica. Isso é ser capacho”, retrucou Marina Silva.
A tensão aumentou e a deputada interrompeu a ministra: “Quem tem voz mansa é a senhora”.
“Eu falo com veemência, deputada. A senhora não vai me intimidar. E quem não defende aparece agora por conveniência. Ambientalistas de conveniência que nunca fizeram nada pelo meio ambiente e agora vêm com esse papinho de preocupação com incêndio”, completou Marina Silva.
Reportagem de ND+